Recentemente, o Ministério da Saúde ampliou o rol de procedimentos ofertados no SUS (Sistema Único de Saúde) para pessoas com diagnóstico de DMRI (Degeneração Macular Relacionada à Idade). Agora, os pacientes têm à disposição, além de exame de mapeamento de retina e fotocoagulação a laser, medicamento antigiogênico e tomografia de coerência óptica (TCO).
Os dois novos procedimentos são para pessoas a partir dos 60 anos e deverão ser realizados conforme o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da DMRI do governo. O fármaco antigiogênico, substância que tem como função inibir o crescimento de novos vasos sanguíneos, é injetável e pode ser feito em um ou nos dois olhos, com intervalo mínimo de 15 dias entre um e outro. Já a TCO é um teste oftalmológico não invasivo para diagnóstico da doença e visa detectar sinais microscópicos de alterações precoces na retina.
O que é a Degeneração Macular Relacionada à Idade?
Pelos dados do levantamento As Condições da Saúde Ocular do Brasil, produzido pelo CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia), cerca de três milhões de brasileiros acima de 65 anos sofrem com DMRI. Como decorrência do envelhecimento da população, sua prevalência aumenta em números absolutos a nível mundial. Para se ter uma ideia, um estudo publicado na revista científica britânica The Lancet, em 2014, indicou que a patologia atingirá 19 milhões de pessoas até 2020.
Segundo o ministério, esta é principal causa de cegueira irreversível em indivíduos com mais de 50 anos nos países desenvolvidos. Degenerativa e progressiva, ela ocorre na parte central da retina (mácula) —área do olho responsável pela formação da imagem—, levando à perda da visão central, ficando só a periférica e, consequentemente, prejudicando a realização de atividades diárias, como ler, costurar e dirigir. Pode evoluir rapidamente ou devagar, afetando um olho e depois o outro.
Keila Monteiro de Carvalho, professora associada da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), diz que seus principais sintomas ocorrem, normalmente, após os 55 anos de idade. São eles: ponto escuro ou vazio no local de foco da visão, escrita parecendo borrada e linhas verticais distorcidas.
“Algumas pessoas com DMRI ainda notam que linhas retas na paisagem, como os lados de edifícios ou postes, parecem tortas. Outros sinais incluem áreas de escotomas (sem visão dentro do campo de visão)”, complementa.
A patologia é classificada como seca (atrófica) e úmida (exsudativa). “A seca é a mais comum, acometendo cerca de 90% dos pacientes. Neste caso ocorre a formação de manchas brancas (drusas) na retina. Elas vão se acumulando com o passar dos anos, causando a degeneração das camadas da retina. Também provoca uma pequena cicatriz no fundo de olho”, explica Marcos Ávila, especialista do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e professor titular de oftalmologia da UFG (Universidade Federal de Goiás).
Com relação à úmida, o especialista relata que pequenos vasos sanguíneos começam a crescer sob a retina, invadindo a mácula. “E eles podem provocar sangramento, gerando dano nas células neurais e formação de extensa cicatriz fibrótica subretiniana que bloqueia a visão central.”.
Causas e prevenção
Ainda não se conhecem as causas exatas da DMRI. Uma das possibilidades é que seja provocada pela oxidação dos tecidos, resultante do envelhecimento, justamente o seu principal fator de risco —os demais são pele clara, tabagismo e dieta pouco nutritiva—, e da exposição à luz. Questões genéticas também interferem.
Na tentativa de prevenir a doença, ou ao menos retardar a sua evolução, o importante é usar óculos escuros com proteção UVA e UVB, consultar o oftalmologista anualmente, especialmente após os 55 anos ou a partir dos 40 se os pais sofrerem de degeneração macular relacionada à idade, parar de fumar e ter um estilo de vida saudável.
Fora isso, um estudo realizado pelo Instituto Westmead de Pesquisa Médica, da Austrália, aponta que uma dieta rica em flavonoides (compostos presentes em frutas e verduras com ação antioxidante) reduz as chances. Para chegar a esta conclusão, foi investigada durante 15 anos a frequência alimentar de 2.856 adultos acima dos 50 anos de idade. Ao final da análise, os pesquisadores evidenciaram que os maiores consumidores de flavonoides, comparados com os menores, apresentavam uma probabilidade reduzida de 57% de qualquer tipo da enfermidade.
Diagnóstico e tratamento O diagnóstico da DMRI se dá através de exames oftalmológicos, como de fundo de olho, tomografia de coerência óptica (TCO) e mapeamento de retina —são fundamentais para confirmar, classificar e monitorar a doença.
Quanto antes o tratamento for iniciado, maiores são as chances de salvar a visão, e ele se dá com o uso de antioxidantes e sais minerais e aplicação de medicamentos antigiogênicos diretamente nos olhos —geralmente, são entre seis e oito injeções no período de um ano.
Em alguns casos também pode ser necessária a utilização de laser. Vale destacar que essas ações podem ser realizadas separadamente ou combinadas, cabendo ao médico determinar o melhor protocolo.
Fonte: uol