Durante nove meses, período da gestação, a grávida passa por mudanças emocionais, psicológicas e físicas. Muito mais do que uma barriga que não para de crescer ou enjoos, a gestação modifica praticamente todo o organismo da mulher, inclusive os olhos. Isso mesmo que você leu, os olhos!
É comum que as alterações do metabolismo, do perfil hormonal e da circulação na mulher grávida, afetem o funcionamento da visão, ocasionando distúrbios temporários ou até mesmo permanentes. Segundo pesquisas, essas alterações ocorrem devido ao aumento nos níveis de progesterona – hormônio fundamental na gravidez.
Especialistas acreditam que essa “progesterona extra”, necessária para ajudar o progresso do bebê, afete o colágeno da córnea.
Entre os problemas visuais mais comuns nas gestantes, estão:
Síndrome do olho seco
Considerado um problema temporário e que tende a desaparecer logo após o nascimento do bebê, o olho seco ocorre em função alterações hormonais típicas da gravidez aliadas às condições externas, como exposição ao ar condicionado, vento, fumaça e poeira. Coceira, vermelhidão, sensação de que há areia ou cisco dentro dos olhos são alguns dos sintomas.
Sensibilidade à luz
De acordo com pesquisas, durante a gestação, a sensibilidade da córnea diminui, principalmente nos últimos três meses, e volta ao normal pouco tempo depois de o bebê nascer. Em geral, esse é um dos sintomas da enxaqueca, que pode ser acentuada no período da gravidez por conta das variações hormonais.
Mudança no grau
As variações hormonais também podem acarretar mudanças refrativas. O aumento da espessura e da curvatura da córnea e o aumento da curvatura do cristalino poderão em alguns casos levar a um desvio refrativo, aumentando a graduação dos óculos ou lentes de contato. A condição geralmente é transitória e volta ao normal de sete a oito meses após o nascimento da criança. Entre os sintomas, estão: dores de cabeça e tontura.
Visão manchada e/ou pontos na imagem
Tanto a visão manchada como a percepção de pontos podem ser sinais de pressão alta durante a gravidez. O quadro exige acompanhamento médico, já que níveis muito elevados de pressão sanguínea podem provocar o descolamento da retina.
Desdobramentos da pré-eclâmpsia
Ocorrendo geralmente depois da 20ª semana de gestação, a pré-eclâmpsia trata-se de um estado de hipertensão. Os seus desdobramentos podem ser identificados através dos olhos em 5% a 8% das gestantes. Os principais sintomas são a perda temporária de visão, maior sensibilidade à luz, visão embaçada ou formação de halos ou flashes.
Desdobramento do diabetes gestacional
Durante a gravidez, há o aumento da produção de HPL (Hormônio Lactogênio Placentário) que inibe a produção de insulina, aumentando os níveis de açúcar no sangue. Altas taxas associadas ao diabetes podem danificar os vasos sanguíneos que alimentam a retina, ocasionando na visão problemas relacionados à nitidez e ao foco. Entre eles: hemorragia vítrea (formação de vasos que comprometem o vítreo, provocando a obstrução súbita da visão), glaucoma neovascular (formação de neovasos na íris, aumentando a pressão intraocular que resulta na perda da visão) e retinopatia diabética (crescimento de neovasos na retina que comprometem a saúde da membrana, com alto risco de cegueira). No Brasil cerca de 7% das gestantes desenvolvem a doença.
Caso a gestante apresente qualquer um desses sintomas oculares, o ideal é procurar um oftalmologista imediatamente. Em muitos dos casos, é necessário realizar a avaliação em conjunto com o obstetra.
Fonte: CBO